A Voz do Brejo (resenha da autora)
"A Voz do Brejo" foi lançado originalmente no ano de 2020, marcando um momento importante na minha jornada literária: a retomada definitiva da poesia sombria.
Desde quando escrevi meu primeiro livro de poesia, aos 13 anos, minha escrita já carregava um profundo tom depressivo, obscuro e trevoso. Mesmo sendo apenas uma menina, nessa época, eu poetizava temáticas como a morte, o suicídio e automutilação. Alguns anos depois, aos 15, inseri nos meus poemas algumas características ultrarromânticas, como o vampirismo e nictofilia, inclusive, com um tom suave de erotismo.
Entretanto, como eu estava inserida numa família conservadora e rígida, eu fui muito atacada por carregar em mim essa obscuridade. Por muito tempo acreditei que o que eu escrevia era feio, que não deveria mostrar pra ninguém.
Essas feridas ficaram em mim e acabei refletindo isso lá na frente. Em 2019, quando tive a chance de me tornar uma escritora independente, decidi que não iria mostrar meu lado "feio". Achei que ninguém fosse gostar dos meus poemas mórbidos e sombrios. Então, decidi seguir caminhos mais leves, românticos e positivos. Posso dizer que obtive bons resultados sim. Publiquei alguns livros bonitos como "Flor Silvestre" e "Borboleta Bruxa". Mas, no fundo, eu sentia que não estava seguindo a minha essência. Meus demônios começaram a me perturbar... Tinha muita coisa em mim que precisava ser vomitada. E poemas leves e bonitos não traduziam a minha verdadeira essência.
Sendo assim, em 2020, decidi que não iria mais publicar nada que não tivesse realmente a ver comigo. Se iria agradar? Não me importava. O que eu queria era apenas me sentir livre. Disso, surgiu inspiração para "A Voz do Brejo", uma coletânea de poesias góticas.
Eu estava num momento confuso e turbulento, então, esse livro traduz tudo o que eu vivi nessa época: dor, pensamentos de morte, depressão, recomeços e aceitação das minhas sombras.
Posso dizer que a minha era "Indy Sales" começou, de fato, com esse livro. Foi uma retomada da poesia sombria que eu comecei a escrever na adolescência e que me ajudou a me salvar.
Para a minha surpresa, a maioria das pessoas que leu o livro, gostou. Recebi alguns feedbacks positivos e até fiz alguns amigos através disso. O que me motivou!
Até hoje tenho um carinho especial por esse livro.
Algumas pessoas me perguntam de onde veio o título. Bom, o "brejo" simboliza a alma ou a mente de uma pessoa depressiva. Ou um lugar lodoso, lamacento, um lugar frio e úmido. E a "voz" do brejo seria o que a depressão sussurra nos ouvidos de quem dela padece: palavras de agouro, tristeza, pessimismo.
Porém, alguns leitores deram interpretações diferentes para o título. E eu acho incrível que cada pessoa dê seu próprio sentido! É como se "a voz do brejo" ressoasse de forma única pra cada leitor. E acho isso simplesmente incrível. É a força que a poesia sombria tem de dar "voz" às nossas sombras.