O Simbolismo e sua obscura estética
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| Charles Baudelaire, precursor do Simbolismo. |
Marcado por temas como morte, pessimismo, misticismo e obscuridade, o Simbolismo foi uma Escola Literária caracterizada pelo resgate dos ideais do Romantismo. Até os dias de hoje, causa profundo fascínio nos amantes da literatura sombria. Neste artigo, aprenderemos um pouco mais sobre esse movimento literário.
Surgimento e principais autores
O Simbolismo surgiu na França, no final do século XIX. Numa época em que prevalecia o positivismo, racionalismo e objetividade do Realismo e Naturalismo, os autores simbolistas se opuseram a tudo isso. Com ideais românticos e subjetivos, eles rejeitaram as ideias dos movimentos literários anteriores.
Na Europa, o escritor Charles Baudelaire é considerado o precursor do movimento simbolista, com sua obra "As Flores do Mal". Já no Brasil, o simbolismo começou em 1893, com Cruz e Sousa, e seus livros "Missal" e "Broquéis".
Entre os principais autores do movimento, podemos citar também, Mallarmé, Verlaine, Rimbaud, na Europa. E, Alphonsus de Guimaraens, no Brasil.
Contexto Histórico
É importante ressaltar que, no contexto histórico da época, havia a ebulição da Segunda Revolução Industrial, avanços na indústria, surgimento das metrópoles e valorização dos ideais cientificistas. Por outro lado, uma terrível crise econômica assolou a Europa, o que gerou muita desigualdade social, exploração da força de trabalho, decadência e pobreza. Os simbolistas, desiludidos com a realidade, racionalidade e positivismo pregados na época, criaram uma estética pessimista e oposta aos movimentos literários da elite, como o Naturalismo e Parnasianismo. Com uma arte profundamente marcada pela decadência e desilusão, esses autores buscavam retratar o mundo de forma subjetiva, imprecisa, mística e transcendental.
No Brasil, quando surgiu o Simbolismo, esse movimento teve um caráter periférico e marginal, pois ainda era grande o prestígio dos autores parnasianos e a estética culta, objetiva, elitista e clássica deles. Cruz e Sousa, por exemplo, foi alvo de grande preconceito, devido à cor da sua pele. Mesmo sendo um homem muito culto, sofreu intenso racismo. Suas obras e seminais foram ignorados pela crítica e público. O reconhecimento a esse grande e singular escritor veio postumamente.
Características do Simbolismo:
- Resgate dos valores encontrados no Romantismo, como o subjetivismo, idealismo e individualismo;
- Oposição aos ideais do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo, como a impessoalidade, racionalismo, cientificismo, positivismo e críticas à esfera social;
- Presença de temas místicos, imaginários espirituais e transcendentais;
- Abordagem de temas sombrios como a morte, loucura, devassidão, dor existencial e pessimismo;
- Presença de religiosidade, incluindo palavras do vocabulário litúrgico, como: sinos, igrejas, salmos, cântico;
- Poemas com musicalidade, através do uso de rimas e a repetição de letras e palavras com sonoridade parecida;
- Uso excessivo de figuras de linguagem, como aliteração, assonância e sinestesia;
- Valorização da mente humana, o consciente e inconsciente;
- Preferência pelos sonetos;
- Presença comum de antíteses e oposições; conciliação entre os planos material e espiritual;
- Cenários lúgubres e decadentes;
- Caráter poético; a prosa simbolista praticamente não existiu.
Atualidade
Com o surgimento do Modernismo no Brasil, no começo da década de 1920, o Simbolismo entrou em declínio. Entretanto, é interessante observar que, atualmente, muitos poetas vêm resgatando as características e ideais simbolistas, introduzindo na literatura contemporânea a mística e sombria linguagem dos símbolos, e sendo influenciados por autores como Charles Baudelaire, Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
